domingo, 14 de fevereiro de 2021

Cartada do Destino 1 - O que é uma taverna?

Vou contar exatamente o que aconteceu.

Estávamos eu e minha irmã, Raven, sentadas no lugar mais isolado que pudemos encontrar nesse infeno chamado Baldur's Gate. É um lugar que chamam de taverna, na língua deles, onde podemos trocar as moedas brilhantes que encontramos nas catacumbas por comida e bebida. Raven vem dizendo que eu devo me acalmar, e que muitas coisas boas podem acontecer ainda nessa viagem, mas eu vejo o verão nos olhos e nos cabelos dela, ela também está apreensiva com essa multidão toda, com essa sujeira toda, com esse concreto todo... E eu sei que ela também ficou chocada quando os mortos se levantaram naquela caverna onde encontramos o infeliz que queria nos roubar, coitado. Ela acha que ainda consegue me enganar com as palavras dela, sendo que passamos os últimos cento e três anos juntas... Ou talvez ela só esteja sendo irritantemente otimista... Deve ser por isso que ela é a raínha, e eu sou a sacerdotisa, o trabalho dela é não deixar com que o povo se desespere. O único problema é que não temos um povo... E o meu trabalho é ficar em silêncio e ouvir o que querem os deuses (e prestar atenção no que os outros estão fazendo, pra proteger a minha irmã, mas isso não foi Selênia quem me ensinou).

Além de nós duas, várias outras criaturas entravam e saíam da taverna, e eu me atentei principalmente em dois... Seres... Que bebiam bastante. Imagino que eles estejam acostumados a chamar tanta atenção, não estavam fazendo esforço para não serem notados, apesar de que é uma dupla dificil de se esquecer; um gnomo e um tiefling (parece ser alguma espécie de demônio, do tipo que eu lia nos pergaminhos de Corellon). O outro que estava lá há mais tempo parecia cansado, talvez precisasse de um tempo pra ele. Esse último tem as orelhas pontudas, quase que tanto quanto as nossas, mas em geral ele se parece mais com o humano que tras a comida do que com nós duas. Eu não sabia que haviam tantos tipos diferentes de pessoas no mundo. Penso em todas as coisas que eu poderia ter aprendido, se não tivesse vivido todo esse tempo em Faéria.

A confusão começou com um senhor que entrou na taverna ordenando que todos deviam parar de beber, porque os deuses se chateiam com a bebida. O que esse homem sabe sobre os deuses? Julgando pelo semblante dele, não tem nem a metade da minha idade, e eu que vivi um século aprendendo sobre os deuses não saberia dizer o que querem ou não. Bem que eu aprendi que humanos são presunçosos, e devem ser evitados.

Bom, o que aconteceu foi que os dois beberrões não gostaram do que o homem disse, e começaram a discutir. Sacaram as armas, e iam começar a brigar... E aí eu resolvi intervir. Pensei que podia desmaiar o humano, já que geralmente são bem frágeis, e deixar ele dormindo em algum canto enquanto terminávamos de comer, mas ele não caiu com a minha técnica, e além disso, ainda destruiu a taverna inteira com uma técnica luminosa, parecida com algumas coisas que a minha irmã faz. Ele foi morto contra a minha vontade... Foi o gnomo que o matou, nome dele é Malen... Eu teria poupado a vida dele, já que ele tinha tão pouco pela frente.

Foi depois disso que apareceram os guardas, e disseram que teríamos que conversar com o líder deles... Eu pedi que trouxessem um fauno para tentar salvar o humano, mas não me ouviram. Esses humanos só pensam em si mesmos, não sei como há tantos deles ainda, e estão sempre indo a algum lugar apressadamente.

Não vou dizer tudo que penso de humanos, ficaríamos aqui mais algumas gerações deles, pobres vida-curta.

O tal chefe, Zod, queria nos prender a todos, o que seria uma grande injustiça, sendo que todos que estavam presentes sabiam que o assassino foi o gnomo Malen, mas acabou mudando de ideia. Ele nos ofereceu um trabalho. Não antes do próprio Malen tentar criar uma magia bem debaixo do nariz desse tal Zod. Disse que precisava de um grupo de mercenários para procurar umas bruxas. Nem precisei olhar pra Raven, pra saber o que ela estava pensando, mas isso é porque nós conversamos por telepatia... É claro que vamos caçar bruxas, elas devem ser, inclusive, lacaios de Azula Doux, a bruxa que destruiu o reino da nossa mãe, o reino de Silrandell. Conversamos entre nós, e nos apresentamos, ou tentamos, não sei se todos estavam em sintonia, porque esse Malen ficava nos chamando de "fadinhas"... Ele deve ter dificuldade com nomes.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Jorge 16: A porta que não fecha e nem abre

Eu dei pescotapa, voadora, cabada de machado, grito de guerra, joguei areia, e venci a guerra. Estava me sentindo inspirado. Tá, não era só eu, também tinha o exército de anões, eles brilharam. E os elfos fizeram alguma coisa também...

Bati a mão assim ó, no pelo, pra tirar as gotas de sangue verde de monstro, e vamos entrar nesse ninho de orc. Os elfos medrosos querem andar intuitivamente. Não, fortuintivamente? Furtivindademente? AHRG, eles querem ir devagarinho pra ninguém ver que a gente tá entrando. Eu queria meter o pé na porta, mas NÃÃÃÃO, tem que fazer tudo que esses magrelos querem. Vê se eu tenho idade pra isso...

E lá vamos nós. Entramos na casa, tem só um corredor grande. Espaço mal utilizado. Lá na frente tinha uma entrada, então eu fiquei de vigia na entrada, enquando o dois elfos foram lá na porta olhar. Daqui a pouco me chamam, e eu dou uma olhadinha assim nessa entrada. Do lado de lá tá um salão bem grande, cheio de cadeira em volta, e um rapaz orc verde bem feio sentado na cadeira maior de todas, sabe como? Tipo como se fosse cadeira de rei, mas é bem mal feita, porque né? AH, ESSE DEVE SER O REI ORC!

E o elfo começa a dizer que eu sou um exemplo de anão, que eu sou muito forte, e que eu sou o mais importante desse grupo, que eu me importo com os animais e as plantas, e que a deusa me ama e me chama de querido e me manda beijo de boa noite. Então enquanto ele vai falando eu faço uma pose né? Já que finalmente fui reconhecido nessa budega!

Oi? Como é que é? Eu tenho que matar esse rei orc aí? Sozinho?

ENTÃO TÁ ENTÃO, VAMBORA! MÃOS AO ALTO SENHOR REI DOS ORCS!

É agora que vai começar o pega pra capar! Eu vou cortar ele todinho! Da cintura pra baixo, que é onde tá dando alcance... Grandinho ele ein? E ninguém pode dar uma mãozinha mesmo não? Não importa! Bate forte o tambor, e esse rei também tá batendo bem forte. Meu ouvido dá uma zumbida. Respiro fundo.

Mas no fim das contas, ninguém é desafio suficiente para o portador do espírito do urso! O machado de Alihana! O degolador de monstros! O desmatador de árvores! Como assim? É, ora bolas, os orcs mataram as árvores, agora eu vou lá e des-mato elas, com ajuda da deusa. Não?

O que importa é que o orc pediu penico. E agora que eu venci ele, ele disse que a gente pode entrar na porta que não fecha e nem abre. E aí ele pega uma chave a abre a porta que não fecha nem abre. E eu fiquei pensando que deviam dar outro nome pra essa porta, mas ninguém falou nada, e eu to bem cansado da luta, então fiquei calado. Depois que entramos, o que foi que os orcs fizeram? Fecharam a porta que não fecha nem abre. Ninguém entende os orcs.

Do lado de cá da porta que não fecha nem abre é uma coisa maravilhosa de se ver. Tá cheio de árvores e de plantas, e de animais. É um jardim secreto, dentro da casa dos orcs, que ninguém nunca visita, e aí tá tudo arrumadinho! Ai, eu quero morar aqui agora! A gente só vai precisar dar um jeito nos vizinhos, mas eu mando uma carta pro meu pai, e rapidinho a gente resolve esses problemas.

Andamos e descansamos, felizes e saltitantes, até chegar a uma torre. Lá no alto da torre achei um instrumento! Uma flauta! Diz a Irina que é a flauta de Hammelin, que a Jagga precisa dessa flauta. Essa dragoa perdeu as coisas dela pra todo canto...

Então eu comecei a tocar a flauta, porque eu sei tocar o alaude né, então deve ser mais ou menos a mesma coisa. Mas eu mal comecei a tocar, e teve um terremoto. Descemos correndo, pra não desabar junto com a torre, e quando chegamos lá em baixo o chão abriu no meio! Aí lá de dentro do buraco apareceu uma mulher, e ela tava pelada! Não, pera, que a mulher tá sendo comida por um monstro! Ih rapaz, não entendi. A mulher é o monstro? A mulher é a cabeça do monstro! Daqui pra baixo é uma aranha gigante, mas não é aranha, porque é monstro... QUE COSPE FOGO!

Essa vida de caçador de monstros tá cada dia mais difícil...

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Jorge 15 - Mais de 3!

Eu e Christofar cavalgando contra o vento, sem lenço, sem documento, no sol de quase dezembro! E mais 3 elfos acompanhando, porque né... foi o que deu... *suspiro*

Demos de cara com o Clóvis na estrada, e um molequinho elfo. Ele falou que o rei-pai dele tá doente de luta (apareceu um monstro lá na cidade e destruiu um monte) e me pediu pra ser o rei dos anões, mas eu falei que não posso aceitar, porque já tenho minha tribo pra liderar quando acabar essa missão da Jagga, então que ele vai ter que arrumar outro...

E aí ele apresentou o molequinho elfo, que não fala nada, mas tem uma mão sem braço que fica segurando o ombro dele. Ele tem as mãos dele com braço também, essa outra mão é dele, mas não é "a" mão dele. É uma outra mão, mas também é dele. Ele tem 3 mãos, é isso. Mas ele só tem 2 braços... A outra mão é separada, ela fica presa no ombro dele, mas não é presa, assim agarrada, igual se fosse um braço, que ela não tem, ela fica segurando, entendeu?

O Clóvis falou que vai deixar o menino pra gente cuidar, que o menino faz feitiço, e que na luta o menino quase morreu, mas foi salvo e agora deve tá ajudando em nada na arrumação la da cidade, claro, mal saiu do berço. E agora to pensando se eu não devia ir virar o rei dos anões, e não babá de elfo... Alihanna me acode! E aí o Clóvis vai embora e deixa o menino aqui.

Óquei então, vamos para o sul, e agora com 4 elfos. Alguns dias de cavalgada, e encontramos uma árvore cortada. Preparei meu machado, quem fez isso vai se ver comigo! E alguém fala que tem uma fortaleza mais pra frente. Orcs! Meu sangue quase ferve! Monstros horríveis, destruidores do mundo, crias de Megalokk! Eles vão cair pelo fio do meu machado!

Vejo que o garotinho elfo não tá muito animado com a luta. Acho que ele não entende, então eu vou mostrar pra ele. Tirei o meu colar, segurei numa mão, e coloquei bem na frente dele e falei "Está vendo isso? É o coração de Alihanna, ela mesma que me deu. Eu sou o defensor da sua natureza, então nós vamos destruir completamente os monstros que fizeram isso com as árvores da deusa, e você vai ajudar, porque agora você é um de nós!". E acho que funcionou, ele parou de fazer aquela cara de medo dele...

Muitos orcs saem da fortaleza enquanto estamos olhando de longe, bem na escondidinha, muitos orcs mesmo, bastante até. Um tantão assim. e vão embora cada um pra um canto enquanto a gente fica olhando na escondida da lonjura.

Me preparo pra avançar e a Irina me pede pra esperar! Parece que a Alva foi se transformar em coruja e olhar bem de cima essa tal fortaleza. E o outro elfo também sumiu no ar, espero que não tenha saído correndo! Acenderam uma fogueira no alto da torre. Acho que não é o melhor lugar pra fazer fogueira, mas orc faz as coisas sem sentido. Espero impaciente.

Alva voltou e falou que deu ruim, acendeu uma fogueira ali, que acendeu outra fogueira de lá, e depois mais uma, e depois mais outra, e que os orcs tão voltando! Falei que então eu vou picar cada um deles do mesmo jeitinho que eles cortaram as árvores pros motivos malvados deles! Aposto que eles nem fizeram as árvores se sentirem bem vindas no mundo deles, esses genzos. Ah que raiva! Mas aí ela falou que não dá, porque é muito orc mesmo, mais de 3! Eu falei "MAIS DE 3??? Então aquela galera toda ta voltando tudo pra cá!". Aí complica... Muito orc...

Resolvemos então nos esconder e ficar de olho no que tá acontecendo. Os orcs chegam, se falam, e começam a fazer uma patrulha. Mas aí cada um deles faz isso junto com um monstro cachorrento e mais outros orcs.

É claro que alegria de anão que anda com elfo dura pouco, e fomos percebidos. Hora de bater em retirada! Fugimos com os cavalos, mas os orcs resolveram nos seguir. Enquanto fugíamos, Alva, o moleque e o outro elfo ficaram fazendo coisas de magica pra atrapalhar os orcs e os monstros cachorrescos. No fim deu tudo certo, eu acho, conseguimos escapar. Então resolvemos dormir e pensar no que fazer com esses orcs.

Quando acordei, a Alva já tinha feito o reconhecimento da área, ela se transformou numa coruja e voou durante um tempão pra ver tudo que tinha por esses cantos. E é um território fechado de orcs. Resolvi perguntar pro menino quantos dias ele viajou pra chegar até onde a gente tá, e ele disse que foram 20 dias. Então pensei qe a gente podia ir até lá, e pedir pro Clóvis uma forcinha.

Depois de discutir bastante, foi o que resolvemos fazer... Estou até me sentindo inspirado...

Viajamos até chegar na cidade dos anões, e procurei pelo Clóvis. Aqui me sinto quase como se estivesse em casa, então conversei na minha língua com ele. Falei dos orcs e quanto tempo viajamos pra chegar aqui, ele mostrou um mapa, eu pedi a Alva pra olhar, ela viu direitinho. E aí o Clóvis mandou muitos anões pra lutar junto lá! Agora sim! Teremos a vantagem com certeza, eu e meus irmão vamos quebrar muito nariz de orc!

Voltamos pro país dos orcs, e não tinha ninguém do lado de fora. Então o elfo lá, o que tem a coruja, sei lá o nome dele, usou uma mágica pra ficar com cara de orc. Pela deusa, quem ia querer ficar com cara de orc??? Ele foi lá na porta do castelo e conversou com algum orc lá, e aí eles abriram a porta pra ele, e depois fecharam a porta na cara dele, e depois a porta abriu de novo, e começou a sair um monte de orc lá de dentro. Senti no meu pêlo que tá na hora da machadada!

Aquele ali ó, o maior de todos, com cara de chefe, é meu! Vou obrigar ele a se desculpar com a deusa! Por Alihanna!

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Jorge 14: Menos dois e mais dois

É uma bagunça isso aqui por causa do feitiço daquele viajante lá. Não gostei dele. Fez a cagada e não quer limpar, deixou pra mim. E agora o Raptic diz que vai embora, não quer saber mais dessa coisa de salvar o mundo, e que vai procurar as magias dele de outra maneira. A Lorivana não aguentou a pressão, acho que o viajante fez algum feitiço diferente na cabeça dela, pouco depois de chegar na cidade, ela se desfaracunchou no chão e nunca mais levantou.

Então sou eu, Jorge, o urso, filho de Alihanna, protetor da natureza, herdeiro de Durnmmantrku, que vou resolver essa zorra!

Peguei uma enxada, e fiz, em volta da cidade toda e depois pra dentro, um negócio daqueles que o Raptic me ensinou, ele falou que era o senta-a-grama de magia dos mágicos. Já que é o senta-a-grama, sentei bem no meio dele, fechei os olhos, respirei fundo a força natural de Alihanna, e abri os olhos da minha alma pra todos os seres naturais dessa cidade, e tentei tocar a todos, para sentir o vento com suas peles, ver com seus olhos, cheirar com seus narizes e ouvir com seus ouvidos. E fiz uma reza: "Deusa! Suas criaturas estão sofrendo! Seu servo pede humildemente para que faça que eles fiquem livres dessa maldição!".

A cidade ficou coberta por uma luz dourada por um tempinho, e quando a luz se apagou, os animais eram os animais de novo, e as pessoas eram pessoas de novo. E eu acho que Alihanna pode ficar feliz mais uma vez.

Agora somos só Irina e eu nessa viagem, e eu acho que vou passar pra ela as coisas escritas que o Raptic olhava sempre, pra ela poder olhar pra onde a gente vai. Enquanto ela ta tentando decifrar o que tá escrito com os escritos do Raptic, chega uma outra elfa perguntando por mim. Ela disse que conversou com um gato perto da cidade e que ele contou pra ela tudo que aconteceu, como que ele foi virar uma pessoa, e como que ele não tava mais virado em uma pessoa, e falou que ela tinha que falar comigo, e aí ela veio. E ela é uma xamã! Na minha tribo tá cheio de xamã, mas eu não sabia que elfos também tinham xamãs... Ela quer viajar comigo e com a Irina, o que é meio estranho... Quer dizer, não é estranho uma xamã querer viajar pelo mundo, ainda mais junto com a Irina, que também tem o poder de Alihanna... O estranho é que eu to atraindo elfo pra minha vida. Lá na minha tribo eu não vou poder contar que eu ficava andando só no meio de um monte de elfo, ou então me deserdam.

Viajamos para o sul. Alva é uma xamã ótima, e ela tem o poder de se transformar nos animais selvagens, e ela se transforma em cavalo, e ela se transforma em urso! Ela disse que esse é o poder da lua, e eu nem sabia que a lua podia transformar nos bichos! Aposto que foi a deusa que mandou ela vir viajar com a gente, só pode ser! ALIHANNA, OBRIGADO PELA ALVA! Mas não dava pra ter mandado uma anã?

Chegamos numa vilazinha bem pequena, e uma pessoa com um chapéu enooooooorme me pergunta se eu quero saber o meu futuro... Ora, como se o meu futuro não fosse voltar pra minha tribo e me tornar o chefe... Eu já sei o meu futuro, então eu disse pra ele que não precisava de se importar com isso não. Mas era conversado esse chapeuzudo, e ele foi e falou com a Irina, e com a Alva, e eu já não tava prestando atenção, mas aí a Alva ficou nervosa com alguma coisa e se transformou em cavalo de guerra, e o cara saiu em desabalada carreira, e eu mais que rápido subi na Alva, e ela começou a galopar e quando chegou perto eu pulei e segurei ele com minhas mãos, e aí apareceu um guarda, e levou o cara. Eu acho que ele era um ladrão.

Fomos comer na taverna, comi codorninhas e bebi cerveja, e depois comi mais codorninhas e bebi mais cerveja, não sei direito o que aconteceu nessa noite mas eu acho que uma pessoa do sul veio pedir a minha ajuda heroica e eu falei que já tava indo. E eis que de repente no outro dia tem mais um elfo que vai viajar com a gente... Não sei qual a desse cara, mas ele tem uma coruja maravilhosa, e a Alva disse que a gente tinha de todo jeito que ter essa coruja, e por isso o elfo tinha que vir com a gente também.

Bom, vamos para o sul!

Viajamos o dia inteiro, e fizemos um acampamento para dormir. E no meu sonho eu vejo ela: minha musa, minha deusa, minha guia, Alihanna!

GENTE, ALIHANNA TÁ FALANDO COMIGO! Pensei em fazer uma dança da alegria, mas me segurei... Será que ela consegue ler meus pensamentos? Ela ta falando um monte de coisas legais comigo, e me dando presentes... Não, pera, a luva, e a bota, e a galhada não são pra mim, é pra dar pros outros... E agora pra mim!!!! DEUSA QUE CE TA FAZENDO DOIDA???? Ela enfiou a mão no peito e tirou o coração dela, e fez um colar, e me deu! To beje...

Acordei de-ses-pe-ra-do! E com meu colar pendurado no pescoço já... Gritei todo mundo, coloquei a luva na mão da Irina enquanto ela resmungava  alguma coisa, joguei as botas pro elfo lá, e dei a galhada pra Alva colocar na cabeça. E aí o dia apagou. Ficou tudo escuro de eclipse. E um monstro dá um grito. Eu sinto que conheço esse grito, mas não tenho certeza. E aparecem fantasmas e esqueletos. Monstros da noite, no meio do dia escurecido pela sombra... Humpf...

Depois que quebramos todos os esqueletos, e desfumaçamos todos os fantasmas, o sol voltou, e aí tem jeito de continuar as andanças... Vamos ver até onde vai esse tal sul...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Jorge 13 - O mago Jorge e o mago Erian

Raptic pegou todas as pecinhas de metal, e montou uma chave com elas. Usando essa chave e o espelho pequeninho, o espelho no fim do corredor desapareceu. Atras do espelho, uma escada indo para cima. Vamos subir, eu e Raptic, as outras duas não quiseram. Entendo o sentimento, se eu subir isso e aparecer no meio do oceano, não vai ser bom pra mim.

No alto da escada, um dragão. Meus punhos se fecham ainda mais no cabo do machado. Odeio dragões, criaturas monstruosas de Megalokk. Ouço uma voz, vindo não sei de onde, falando várias coisas de teste e que tava observando bondade, carisma, e eu to procurando onde tem alguma pessoa, porque comigo aqui só tem o Raptic. E agora fala que temos que nos aproximar pra encontrar o Edrian!

Vamos em frente e o dragão desaparece, Raptic diz que era uma ilusão. Agora estamos todos aqui, o chão começa a se mover pra cima, e lá no alto está um dragão amarelo ainda maior que o outro! Meu joelho se dobra contra a minha vontade, e me sinto impotente frente a esse monstro. Ele demanda que deixemos o que é mais valioso pra nós aos pés dele pra que ele nos ajude. Mais rápido do que uma flecha da Irina, a Lorivanna coloca o ouro dela todo no chão. A Irina coloca as flechas. E o Raptic começa a brigar com o monstro. Ele segura o livro e diz que não vai deixar o livro dele coisíssima nenhuma, que ele precisa do livro pra fazer as coisas dele. Esse livro deve ter coisas muito boas lá dentro, porque todo dia o Raptic fica lendo ele com muita atenção quando a gente vai dormir.

O dragão ameaçou destruir o livro do Raptic se ele não entregasse, claro, monstros serão monstros sempre. E o mago jogou o livro junto com as outras coisas. Não tenho escolha. Esse é o pior sentimento que existe. Pra que foi que eu andei até esse castelo? Maldita paladina, me manipulando para ter com esse monstro nojento!

Eu me levantei com bastante esforço e olhei bem nos olhos desse maldito tomei a energia da deusa em meus músculos e disse "eu lhe ofereço a fúria de Alihanna". Falei bem alto pra ter certeza que ele entendeu o que eu disse. Como se a deusa fosse querer alguma coisa, a não ser a carcaça desse lagarto.

Ele lançou alguns livros pra nós, falou alguma coisa que eu não prestei atenção, e num segundo estamos de novo no deserto, e o homem está aqui, com os nossos pôneis. Esse Edrian acha que isso vai ficar barato, mas não vai. Eu tenho certeza que o Raptic vai embarcar comigo nessa. Lorivanna se rendeu muito rápido ao dragão, não entendi nada, ela sempre quer pegar o máximo de moedas e jóias, e nem piscou quando o dragão pediu tudo. Talvez ela apanhou com uma magia dele, não sei. A Irina é mais calada, não sei qual é a dela, mas se ela jogou ali as flechas como coisa mais valiosa, é porque ela gosta de espetar os outros, quem sabe ela não quer fazer espeto de dragão?

Agora estou mal humorado, e me sentindo ridicularizado. E não existe sentimento pior do que a falta de escolha.

Decidimos seguir a viagem pra onde temos que pegar a próxima arma da Jaga. Estaca com saudade do Christofar, e meu humor melhorou um pouco. Paramos para dormir.

Acordei no meio de uma névoa estranha, e ouvindo criaturas. Estou me sentindo mais alto, e acordei longe do meu machado. Tudo que tenho na mão é um cabo de vassoura. Não importa, corro até o inimigo, e tento bater nele com o pedaço de pau, mas não consigo acertar nenhum golpe, estou desengonçado. Esses golpes deles estão doendo bastante também. Sofridamente os inimigos são vencidos, e eu vejo um anão peludo segurando o meu machado e usando minha cabeça de urso! IMPOSTOR! Dou na cabeça dele com o cabo de enxada. A Irina me segura, e fala que ela é o Raptic, e que o anão que eu estou vendo sou eu, mas na verdade é a Lorivanna. Me solto das mãos dela, e dou na cabeça do impostor de novo!

Estou realmente no corpo do Raptic... Nada útil esse corpo, magro demais, fraco demais, alto demais. Faremos o melhor possível de uma situação de merda. A Irina chega e diz que vai me ensinar a usar magia. Com muito custo consigo fazer algumas coisas. Sinto uma energia estranha nesse corpo, toda vez que me concentro pra fazer uma mágica dessas. Tenho certeza que essa não é a energia de Alihanna. É interessante, no começo. Depois de algumas tentativas fico muito cansado, e consigo sentir a energia, mas não consigo controlar mais.

Chegamos a uma cidade próxima, e nessa cidade os animais estão falando, e as pessoas estão se arrastando no chão como bichos. Um avestruz está dizendo que a tartaruga descobriu que eles foram trocados de corpo por um viajante. A Irina conversa com o avestruz e diz que vamos ajudar a reverter essa maldição, já que também fomos trocados. Ótimo, agora temos que correr atras de um viajante, que provavelmente não é boa gente, e eu ainda tenho que estar no corpo de um mago elfo. Antes de sairmos, Raptic quer que eu faça um ritual, pensando na coruja do meu primo, a Docinho. Só que ele quer que eu pense na Docinho preta, e não branca como ela é.

Conseguimos encontrar esse viajante, seguindo umas dicas que a tartaruga deu. Ele é um fanfarrão, mas disse que vai voltar a gente ao normal, se passarmos por um teste. Primeiro ele quer que a Irina acerte uma maçã na cabeça da Lorivanna. A primeira flecha ela erra, e ela encontra repouso no ombro da ladina. A segunda flecha vai bem na meiúca da maçã. O segundo teste é pra Lorivanna abrir umas fechaduras, que ela faz sem problemas. E agora ele quer que eu leia um pergaminho de magia e lance uma magia em um outro mago que tá atirando em nós. A Irina tá aqui pra me ajudar a ler, mas é claro que dá errado. Não consigo fazer essas coisas. Essa energia é muito estranha e eu não gosto dela. A deusa que me ajude, se eu tiver que ficar nesse corpo, não sei o que fazer.

Felizmente a Irina conseguiu convencer o tal do viajante que ele tinha que transformar a gente de volta, já que fizemos o jogo dele, mas que não precisava se importar com a cidade. E isso foi exatamente o que ele fez.

Voltamos à cidade, e a confusão continua.

Raptic 1 - Erian

Enquanto o Jorge se recuperava dos ferimentos, eu analizei os fragmentos que ele havia coletado. Eles eram um tipo de quebra-cabeça, e com certa facilidade montei uma pequena chave. Era a chave do espelho menor e ao virá-la, o espelho maior se abriu e ganhamos acesso ao terceiro andar da torre.

Subimos eu e o anão na frente e nos deparamos com uma figura que parecia ser nada menos que um dragão de ouro. As garotas sobem logo atrás e se assustam, a pequena é muito covarde. Pelo tamanho do dragão, ele parecia ser jovem, mas mesmo um dragão jovem é demais para o nosso grupo. Começo a me indagar se a criatura percebeu a nossa presença e a elaborar um plano de fuga, mas ela logo invade a minha mente, dizendo que provamos o nosso valor e que devemos nos aproximar para conhecer o grande Erian. O Jorge precisa aprender a lidar com telepatia (risos). Eu, então, me lembro dos meus estudos sobre criaturas exóticas e que dragões metálicos são naturalmente bons. Eu, então, sigo em frente e percebo que aquela figura era apenas uma ilusão. Quando todos se juntar a mim, o piso começou a flutuar e chegamos ao topo da torre. Foi então que eu vi algo que jamais imaginei.

Um dragão ancião! Erian é um dragão dourado ancião! O brilho de suas escamas era mais dourado que o ouro mais puro que o anão das cavernas mais habilidoso pode ter extraído em seu melhor dia! A cabeça dele era maior do que o meu corpo! As garras dele eram capazes de empalar um gigante! Comecei a tremer. Larguei o meu cajado e me ajoelhei involuntariamente em reverência, meus companheiros fizeram o mesmo. Que raiva! Por que eu estou tão apavorado?! Por que me humilhei dessa forma? Maldito seja você, Erian! Passado esse estado de choque, o dragão começa a falar. 

Primeiro, ele pergunta pelo que viemos, depois diz alguma bobagem sobre eu estar entre o bem e o mal e que vai nos entregar os livros, mas que teremos que abrir mão do que é o nosso maior bem. Eu me neguei a entregar o meu grimório. Eu dependo dele para ter a minha merecida vingança! Tenho um reino para destruir! Então, o dragão ameaçou a minha vida como se não fosse nada e eu fui obrigado a abrir mão do meu bem mais precioso. Desgraçado condescendente! Besta imunda! Ninguém me ameaça! Um dia, eu mesmo arrancarei a cabeça desse jacaré idiota! Essa largatixa imunda fala com propriedade sobre moral, mas prefere defender essas ruínas a fazer alguma coisa de verdade para salvar o mundo. Quando estava prestes a abrir a boca para dizer umas verdades ao dragão, fomos teleportados para fora da torre, junto com o meu grimório e os livros mágicos. Eu nunca vou te perdoar, Erian!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Jorge 12 - Espelho, espelho meu

Uma estátua segura um espelho. No final do corredor tem um espelho. Dos dois lados do corredor tem vários espelhos. Esse Erian gosta muito de se ver mesmo.

Lorivanna tira o espelho das mãos da estátua, e vira pra lá e pra cá, analisando tudo, enquanto eu espero o que ela vai fazer. Ela então vai olhar um dos espelhos grandes, e só de olhar pro espelho ele fica todo esfumaçado. Estou atras dela olhando o que ela vai fazer, e dou um empurrãozinho nas costas dela pra ver se pega no tranco, mas ela é tão pequena e magrela, que vai parar lá dentro do espelho. Opa! Então dá pra entrar nesses vidros! Fico esperando o que vai acontecer. Escuto ela chamar o Raptic lá de dentro, então agora já sei que está tudo bem. Como eles não precisam de mim, viro de costas e tento entrar no outro vidro. AI MINHA CARA! Pô, dei de cara com o espelho!

Agora parece que precisam de mim, e lá vou eu entrar no espelho. Do lado de dentro eles tinham aberto um baú, e lá dentro do baú tem um pedacinho de metal, e todo mundo tá olhando pra ele. Então eu pego a pecinha, e pronto. A Lorivanna de novo fazendo aquela cara esquisita pra mim.

Pisamos pra fora, e estamos de novo no corredor dos espelhos, ainda bem, achei que eu ia aparecer em alguma praia mundo afora. E decidimos entrar em outro espelho. Não vi como faz pra esfumaçar o espelho, da próxima vez vou olhar. Dessa vez entramos em um lugar cheio de letras no chão. Agora que eu já sei as letras, to tentando ver direitinho as letras e ler as palavras. O Raptic foi mais rápido que eu, já que ele tá acostumado a ler coisas escritas, e falou como a gente tinha que andar no salão. Chegamos do outro lado, e peguei mais uma pecinha.

Voltamos pelo mesmo caminho, e eu acho que é o espelhinho que deixa a gente entrar no espelho grande, então pego ele pra mim, e a Irina me ensina como que usa. Então entramos em mais vários espelhos. Em um deles enfrentamos um bando de cabeças voadoras, e em outro enfrentamos plantas carnívoras com pés e bocas abertas, mas só que não eram plantas, mas eram quase plantas carnívoras, eu acho. Em outro espelho eu achei várias vitaminas de fechar feridas. Teve um espelho que tinha muitos baús que eu tive que cheirar e olhar bem de perto, escutar direitinho e depois abrir. Todas as vezes eu pegava um pedacinho de metal no fim.

E aí entramos no último espelho. Logo que eu entrei fui atacado por algum inimigo, e por sorte consegui me desviar. Meus companheiros entraram um a um enquanto eu duelava com esse demônio. Dois cachorros se juntaram à luta, nós quatro encurralados contra o espelho, tentando fazer o máximo pra segurar a onda contra esses três monstros. Mas nem tudo são flores nessa vida, e depois de uma machadada especialmente precisa dada pelo inimigo, minha visão ficou turva, meus joelhos foram ao chão, fiz o possível pra segurar o machado. Em seguida, o gosto de sangue na boca, vejo o salão tombar de lado, e meus olhos se fecham.

Não sei quanto tempo passei desacordado. O pessoal derrotou os monstros, e Raptic sabe alguma coisa de medicina, conseguiu estancar os sangramentos, fazer umas bandagens, trazer meu corpo pra fora do espelho, e ficaram esperando pra ver se ia dar certo, se eu ia acordar...

E acordei.

Mais uma vez senti o espectro vazio da morte passar por mim e depois me deixar em paz.

Não sei quantas vezes terei essa sorte.