Estou me sentindo impotente. Tudo que eu aprendi que mais importa, a natureza, as plantes e animais, está se desfazendo diante dos meus olhos, sendo comido por uma grande boca das trevas. Mágica da morte. Em alguns instantes eu também vou ser levado.
Acordei assustado, e no meio do acampamento vejo uma draconata vermelha feita de fumaça. A dança de proteção do mago não adiantou de nada, e agora ela começou a falar várias coisas. Ela disse que um mal muito grande vai acontecer, e que foi ela que mandou meu sonho, e também o dos outros. O elfo e a halfling devem ter visto a floresta ser comida também. Não, outra coisa aconteceu. Ela sonhou que tinha perdido todo seu ouro, e o mago sonhou que tinha perdido livros. QUEM SE IMPORTA COM OURO E LIVROS???? A dragoa tem um nome, falou que é uma paladina, e pela fumaça parece que ela não tá aqui. Não entendo dessas coisas. A moça diz que temos que reunir algumas coisas, mas ela nem sabe onde os bagulhos estão. Tento gravar os nomes, mas são muitos, e eu não sei fazer esses desenhos de conversa. Mas ela falou o nome de uma caverna! Caverna é comigo mesmo, e o nome dessa é Menegroth, e é lá que vamos encontrar a primeira peça do quebra cabeça. E aí ela some gritando e aparece de novo, mas agora não tá esfumaçada. Não, pera. Agora o dragão é macho não é? Então a moça foi embora? Cutuco a imagem com meu cajado, e realmente esse fulano tá aqui agora. Ele diz que a moça mandou ele como ajuda por um tempo, e que a caverna fica no sul. O cara vai viajar com a gente, e ele vai levando uma espadinha de cutucar, e um alaúde. Mostrei pra ele meu gato petrificado, e pergunto se ele sabe consertar, se a tarefa tem alguma coisa a ver com isso, mas ele não sabe nada. Então saímos para o sul, e no caminho uma grande besta voadora passa e faz uma sombra imensa, com um grito medonho. Não dá pra ver o que é, mas é grande e voa.
A viagem é calma durante várias horas, até que chegamos na beira de uma floresta muito densa, pouca luz, mas suficiente, e o ar está úmido. Bom, bora pra dentro... Dentro da floresta fomos abordados por um grupo de ladrões. Eles querem dinheiro. Problema deles, porque eu não gosto de ameaças. Não tivemos tempo de pensar, e são muitos ladrões. Tem ladrão em cima e atrás das árvores. Seja o que Alihanna quiser, afinal, a floresta é o terreno dela.
Fiquei cercado por dois deles e um punhado de árvores. Apanhei um pouco, doeu, mas Alihanna me deu a fúria dos animais selvagens. Só consigo ouvir o som das flechas passando por cima da minha cabeça. E puta que pariu, um dos ladrões parece um mago, por pouco não me queima com um fogo mágico. O que é isso que eu to ouvindo? Música? Quem tá tocando música no meio de uma batalha? Consegui cortar a cabeça de um. Pior pra eles, porque agora o caminho tá livre, e eu vou colar nesse mago, antes que ele me queime. Ouço a pequenina gritar de dor lá atras. Um ladrão cai de cima da árvore, e o outro começa a rir descontroladamente lá no alto. Estranho isso, ele devia era ficar puto que o companheiro dele se pendurou e não conseguiu se segurar. Na graça, caiu também, mas não parou de rir. Mas não posso me ter com eles, porque esse puto na minha frente começou uma parada muito estranha. Murmurou umas coisas, e começou uma dança. Eu juro que vi o ar dançar em cores na frente dele. Também não gosto dessas coisas, as druidas e os xamãs da minha tribo não fazem essas loucuras. Cortei os braços dele, assim ele não vai mais incomodar. Lá atras parece que deram conta do ladrão que ficou. Só que ainda tem dois. Um não para de rir, e o outro tá chamuscado de fogo de dragão. Antes de morrer, ele furou o draconato bem fundo, e deixou o cara sangrando lá, caído. Não foi difícil terminar a luta, o chamuscado já tava meio morto, e o outro ainda tava histérico, difícil foi salvar a vida do vermelho. O elfo e eu fizemos um curativo; cadê a ladina? Tivemos que parar pra descansar e esperar pra ver se o cara acorda.
Várias horas depois, o cara acorda, ainda tá vivo. Bem sacudido, mas vivo. Foi bom que também fiz um remendo em mim, e parei de sangrar. Cada dia tá mais estranho isso aqui, o vermelho levantou, sacou o alaúde, dedilhou umas notas, E FECHOU OS FERIMENTOS TODOS! Onde esse povo aprendeu essas coisas? Me lembrei da música no meio da batalha, será que esse dragão canta pra lutar?
Continuando a viagem, saímos da floresta, e de longe vejo duas estátuas de anões. Mais perto, podemos ver que são a entrada pra uma cidade de anões. São meus irmãos, mas que diabo é esse de anão viver em cidade? A curiosidade é tanta que me viro pra ir até lá, e nem sei se os outros estão vindo. No portão, pedi passagem para os meus irmãos, na língua dos meus pais, e soube que a cidade se chama Ptalkor! Vimos que está acontecendo uma festa! Rapidamente entrei no clima, estavam cantando uma música sobrer dragões, e fazendo uma caminhada, com certeza fui junto! Cantei, dancei, e fiquei sabendo que estavam fazendo uma festa para o grande heroi da cidade, que matou um dragão! Aproveito pra perguntar sobre a caverna Menegroth, e é uma caverna que foi construída por meus irmãos para um tal rei elfo. Resolvi perguntar sobre uma loja que possa comprar equipamentos, porque tive uma ideia! Na minha tribo, os xamãs sabem fazer sucos especiais de cura, talvez algum xamã dessa tribo da cidade saiba fazer também.
Não procuro guardar essas moedas de ouro (ou qualquer outra), mas serviram pra comprar uma mochila com equipamentos para viagem, e várias bebidas mágicas vermelhas, agora também posso fechar minhas feridas rapidamente, e nem preciso dançar ou tocar música. Depois de fazer as compras, fomos para uma taverna. Uma mulher estava tocando, e a música dela fazia o ar dançar, aí quando ela terminou o dragão perguntou ao taberneiro se ele podia tocar, e o taberneiro deixou, então eu peguei o alaúde dele e toquei uma música que eu tinha aprendido quando saí da minha tribo, e depois fui dormir.
Tavernas de cidades anãs são melhores que as outras, já decidi. Acordo completamente revigorado.
Saímos cedo e fomos direto pra Menegroth com as indicações dos meus irmãos de sangue. O portão estava meio quebrado, mas foi facil de abrir. Estava escuro, então alguém acendeu uma tocha. Achei estranho na hora, depois me lembrei que nem todo mundo encherga no escuro. Caminhamos pelos corredores na caverna até encontrarmos um baú. Estava olhando o baú bem de perto, quando o elfo me gritou lá atras, disse que tinha que me mostrar uma coisa. Foi o tempo de eu chegar lá, a pequeninha abriu o baú, e acho que se esqueceu de olhar se tinha armadilhas, porque ela ficou toda furada de flecha. Dentro do baú estava uma espada, e eu acabei ficando com ela, me disseram que é uma espada mágica. Eu sacodi a espada, mas nada aconteceu, acho que se enganaram, mas tudo bem, de qualquer maneira ainda tenho meu machado.