sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Jorge 3 - Anões moram em cidades?

Estou me sentindo impotente. Tudo que eu aprendi que mais importa, a natureza, as plantes e animais, está se desfazendo diante dos meus olhos, sendo comido por uma grande boca das trevas. Mágica da morte. Em alguns instantes eu também vou ser levado.

Acordei assustado, e no meio do acampamento vejo uma draconata vermelha feita de fumaça. A dança de proteção do mago não adiantou de nada, e agora ela começou a falar várias coisas. Ela disse que um mal muito grande vai acontecer, e que foi ela que mandou meu sonho, e também o dos outros. O elfo e a halfling devem ter visto a floresta ser comida também. Não, outra coisa aconteceu. Ela sonhou que tinha perdido todo seu ouro, e o mago sonhou que tinha perdido livros. QUEM SE IMPORTA COM OURO E LIVROS???? A dragoa tem um nome, falou que é uma paladina, e pela fumaça parece que ela não tá aqui. Não entendo dessas coisas. A moça diz que temos que reunir algumas coisas, mas ela nem sabe onde os bagulhos estão. Tento gravar os nomes, mas são muitos, e eu não sei fazer esses desenhos de conversa. Mas ela falou o nome de uma caverna! Caverna é comigo mesmo, e o nome dessa é Menegroth, e é lá que vamos encontrar a primeira peça do quebra cabeça. E aí ela some gritando e aparece de novo, mas agora não tá esfumaçada. Não, pera. Agora o dragão é macho não é? Então a moça foi embora? Cutuco a imagem com meu cajado, e realmente esse fulano tá aqui agora. Ele diz que a moça mandou ele como ajuda por um tempo, e que a caverna fica no sul. O cara vai viajar com a gente, e ele vai levando uma espadinha de cutucar, e um alaúde. Mostrei pra ele meu gato petrificado, e pergunto se ele sabe consertar, se a tarefa tem alguma coisa a ver com isso, mas ele não sabe nada. Então saímos para o sul, e no caminho uma grande besta voadora passa e faz uma sombra imensa, com um grito medonho. Não dá pra ver o que é, mas é grande e voa.

A viagem é calma durante várias horas, até que chegamos na beira de uma floresta muito densa, pouca luz, mas suficiente, e o ar está úmido. Bom, bora pra dentro... Dentro da floresta fomos abordados por um grupo de ladrões. Eles querem dinheiro. Problema deles, porque eu não gosto de ameaças. Não tivemos tempo de pensar, e são muitos ladrões. Tem ladrão em cima e atrás das árvores. Seja o que Alihanna quiser, afinal, a floresta é o terreno dela.

Fiquei cercado por dois deles e um punhado de árvores. Apanhei um pouco, doeu, mas Alihanna me deu a fúria dos animais selvagens. Só consigo ouvir o som das flechas passando por cima da minha cabeça. E puta que pariu, um dos ladrões parece um mago, por pouco não me queima com um fogo mágico. O que é isso que eu to ouvindo? Música? Quem tá tocando música no meio de uma batalha? Consegui cortar a cabeça de um. Pior pra eles, porque agora o caminho tá livre, e eu vou colar nesse mago, antes que ele me queime. Ouço a pequenina gritar de dor lá atras. Um ladrão cai de cima da árvore, e o outro começa a rir descontroladamente lá no alto. Estranho isso, ele devia era ficar puto que o companheiro dele se pendurou e não conseguiu se segurar. Na graça, caiu também, mas não parou de rir. Mas não posso me ter com eles, porque esse puto na minha frente começou uma parada muito estranha. Murmurou umas coisas, e começou uma dança. Eu juro que vi o ar dançar em cores na frente dele. Também não gosto dessas coisas, as druidas e os xamãs da minha tribo não fazem essas loucuras. Cortei os braços dele, assim ele não vai mais incomodar. Lá atras parece que deram conta do ladrão que ficou. Só que ainda tem dois. Um não para de rir, e o outro tá chamuscado de fogo de dragão. Antes de morrer, ele furou o draconato bem fundo, e deixou o cara sangrando lá, caído. Não foi difícil terminar a luta, o chamuscado já tava meio morto, e o outro ainda tava histérico, difícil foi salvar a vida do vermelho. O elfo e eu fizemos um curativo; cadê a ladina? Tivemos que parar pra descansar e esperar pra ver se o cara acorda.

Várias horas depois, o cara acorda, ainda tá vivo. Bem sacudido, mas vivo. Foi bom que também fiz um remendo em mim, e parei de sangrar. Cada dia tá mais estranho isso aqui, o vermelho levantou, sacou o alaúde, dedilhou umas notas, E FECHOU OS FERIMENTOS TODOS! Onde esse povo aprendeu essas coisas? Me lembrei da música no meio da batalha, será que esse dragão canta pra lutar?

Continuando a viagem, saímos da floresta, e de longe vejo duas estátuas de anões. Mais perto, podemos ver que são a entrada pra uma cidade de anões. São meus irmãos, mas que diabo é esse de anão viver em cidade? A curiosidade é tanta que me viro pra ir até lá, e nem sei se os outros estão vindo. No portão, pedi passagem para os meus irmãos, na língua dos meus pais, e soube que a cidade se chama Ptalkor! Vimos que está acontecendo uma festa! Rapidamente entrei no clima, estavam cantando uma música sobrer dragões, e fazendo uma caminhada, com certeza fui junto! Cantei, dancei, e fiquei sabendo que estavam fazendo uma festa para o grande heroi da cidade, que matou um dragão! Aproveito pra perguntar sobre a caverna Menegroth, e é uma caverna que foi construída por meus irmãos para um tal rei elfo. Resolvi perguntar sobre uma loja que possa comprar equipamentos, porque tive uma ideia! Na minha tribo, os xamãs sabem fazer sucos especiais de cura, talvez algum xamã dessa tribo da cidade saiba fazer também.

Não procuro guardar essas moedas de ouro (ou qualquer outra), mas serviram pra comprar uma mochila com equipamentos para viagem, e várias bebidas mágicas vermelhas, agora também posso fechar minhas feridas rapidamente, e nem preciso dançar ou tocar música. Depois de fazer as compras, fomos para uma taverna. Uma mulher estava tocando, e a música dela fazia o ar dançar, aí quando ela terminou o dragão perguntou ao taberneiro se ele podia tocar, e o taberneiro deixou, então eu peguei o alaúde dele e toquei uma música que eu tinha aprendido quando saí da minha tribo, e depois fui dormir.

Tavernas de cidades anãs são melhores que as outras, já decidi. Acordo completamente revigorado.

Saímos cedo e fomos direto pra Menegroth com as indicações dos meus irmãos de sangue. O portão estava meio quebrado, mas foi facil de abrir. Estava escuro, então alguém acendeu uma tocha. Achei estranho na hora, depois me lembrei que nem todo mundo encherga no escuro. Caminhamos pelos corredores na caverna até encontrarmos um baú. Estava olhando o baú bem de perto, quando o elfo me gritou lá atras, disse que tinha que me mostrar uma coisa. Foi o tempo de eu chegar lá, a pequeninha abriu o baú, e acho que se esqueceu de olhar se tinha armadilhas, porque ela ficou toda furada de flecha. Dentro do baú estava uma espada, e eu acabei ficando com ela, me disseram que é uma espada mágica. Eu sacodi a espada, mas nada aconteceu, acho que se enganaram, mas tudo bem, de qualquer maneira ainda tenho meu machado.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Jorge 2 - Ruínas petrificadas

Depois de comer muito javali e dormir bastante, fomos comer o desjejum. E aí apareceu um humano dizendo que queria me proteger. Há! Eu disse pra ele que só precisava do meu machado! O taberneiro conversou comigo sobre ataques de mortos retornados, e eu achei que o humano poderia ser útil. Provavelmente ele vai morrer de velhice antes de eu decorar o nome dele, mas por agora, lá vamos nós. E não é que o diacho do homem era um padre?

Fomos no rumo de uma das ruínas que tínhamos visto no dia anterior, e aí fomos emboscados por gnolls. Não me lembro direito o que aconteceu. Os gnolls cercaram a gente, eu batalhei com dois deles, quando me virei, o padre tava todo furado no chão, e os gnolls tavam dormindo. Então matamos os outros dois vermes e fechamos os buracos no padre. Achei que o homem ia morrer, mas ele acordou, fez uma reza e puf, tava novo em folha...

Aí chegamos na ruína, e na verdade era uma cidade destruída. Numa praça vimos um monstro pendurado numa cruz, e aí surgiu um outro velho com aquelas perguntas que fazem a cabeça da gente doer. Ele falou que quem tem num tem, depois que quando compra acaba, e também falou que num tem mais pra quem quer. E não era ovo. Quando eu falei ovo, o velho fez aparecer um monstro de terra. Eu bati meu machado nele, mas a terra abriu no lugar que eu ia bater, e depois fechou. Nessa hora a patrulheira deu uma pirueta e cravou duas espadas no monstro. Foi tão rápido que eu senti um ventinho no rosto. Mas com certeza ela já sabia onde que tinha que furar, porque o bicho se desfez, e caiu poeira na minha cara toda. E aí tava lá o velho de novo esperando, o elfo gritou 'caixão' e o velho foi embora. Vimos que tudo na ruína estava petrificado, todas as pessoas e animais. Peguei um gatinho petrificado, e guardei na mochila pra ver se consigo encontrar alguém que pode resolver esse problema.

Daí chegamos na porta de uma igreja, na porta tem uma cabeça de bode, e uns desenhos de escrito. O padre falou 'xvwpitz' e a porta abriu. Tava muito sinistro. A meio-elfa nem quis entrar. Mas eu fui, com meu machado preparado, devagar e sempre.

Quando eu tava chegando no altar da igreja, vi um esqueleto levantar do chão. Antes que eu pudesse pensar, outro esqueleto tentou me bater por tras. Ouvi o padre fazer uma reza lá atras, e logo em seguida uma flecha passou 'zup' e quebrou uma parte da cabeça do esqueleto. Mas o maldito me deu uma facada no ombro, E EU FIQUEI MUITO PUTO! Outra flecha passou e quebrou a cabeça do monstrengo, mas ainda tinham dois na brincadeira. Os caras tavam tendo problemas lá na porta, então eu demoli o esqueleto com o meu machado. O padre encostou na minha cabeça e a facada parou de sangrar, não entendi nada, só corri e desabei o outro monstro. Finalmente olhamos o altar, e tinha uma mulher aberta deitada no troço. Eu encontrei um botão, que fez abrir uma passagem no chão, cheia de mortos (mas esses estavam bem mortinhos mesmo). E aí, chegamos de novo na parte de baixo da montanha. O elfo magrelo fez uma dança lá, disse que era de proteção, e fomos dormir.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Jorge 1 - Náufrago...

A areia fofa sob meus pés descalços, o vento soprando a minha barba, e o horizonte azul da praia contrastam com a destruição total do navio, e os corpos jogados no chão. Não é uma cena bonita.

Somos poucos sobreviventes, e um marinheiro já está tentando fazer um projeto de acampamento, pescando o que consegue dos destroços. Ele disse que precisamos de água, porque os barris se quebraram e ficaram cheios de água do mar. Pego alguns baldes, e chamo a meio-elfa pra me acompanhar, ela parece ser uma patrulheira, duvido que o elfo mago e a halfling ladina vão ser de alguma utilidade na busca por um oásis.

Conseguimos encontrar um bosque com uma lagoa, água boa pra beber. Enquanto enchemos os baldes, ouço uivos. Devemos ter entrado em terreno de uma matilha, e eles não estão gostando. Penso em pegar a água e sair o mais rápido possível, pra não causar problemas, mas não fui rápido o suficiente, e três lobos aparecem mostrando os dentes. Estou acompanhado por uma patrulheira, e eu mesmo sou bom com animais, não tem necessidade de lutar aqui não é?

Os lobos devem estar mesmo com medo da gente, porque um deles rapidamente pulou em mim e me abocanhou o braço, quase arrancou fora. Ah, que dor! Meu sangue ferve, e com um único e limpo corte de machado, separo cabeça de tronco. Se eu tivesse pensado mais rápido, não teria sido necessário matar o amigo lobo. Alihanna me perdoe! Os outros dois fugiram, e em seguida eu e a meio-elfa tomamos nosso caminho de volta para o navio destruído.

Quando chegamos de volta, o acampamento já está quase montado, os outros conseguiram alguns equipamentos importantes, e nos preparamos para dormir.

Acordo no meio da noite ouvindo gritos e guinchos. Uma batalha na escuridão. Com meus olhos de anão, consigo vê-los perfeitamente, pálidos e esguios. AH, MAS EU ODEIO ESQUELETOS! Pra cima deles! Levanto com meu machado em mãos, e começamos a lutar! A patrulheira ajuda, e o mago também, mas nada da halfling aparecer... Tivemos que lutar três contra três, e pouco a pouco os esqueletos viraram pó de osso.

Descansamos até a manhã seguinte, e seguimos viagem. Olhando de longe consegui ver o que parecia uma cidade acima de uma parede natural, e umas ruínas, tanto para o sul, quanto para o leste. Paramos frente a uma porta na parede da montanha, com o desenho de um martelo, e alguns desenhos de conversa. Empurrei a porta e ela abriu, mostrando uma caverna muito bem trabalhada. Um velho levantou de um canto e começou a falar umas coisas estranhas. Ele disse que teríamos três chances pra resolver o desafio, e se a gente errar, vai ter problemas. E aí ele falou que a gente tinha que saber uma coisa que é pequena, mas que não dá pra encher, e também se você colocar na cabeça, não é um chapéu. Alguma coisa desse tipo, não sei direito. A ladina disse que era peneira, e aí o velho se deitou de novo, nem falou se ela acertou ou não... Subimos umas escadas e tivemos que parar um pouco porque a ladina resolveu que ia futucar um baú que apareceu atras de uma porta que ninguém tinha visto. Ela me deu umas moedas douradas, mas eu já tinha algumas, então peguei um pouco e deixei o resto no cantinho, perto da parede.

Saímos da caverna na parte de cima da montanha, e resolvemos ir em direção à cidade. Já estava escuro, e os portões estavam fechados. Pedimos passagem, e os guardas se recusaram a abrir. Não tem problema, porque eu sou acostumado a dormir no mato.

De manhã, quando o portão abriu, fomos procurar alguma taverna. Os meus companheiros reclamaram muito e não conseguiram dormir no mato, eles gostam mesmo é de ficar presos dentro das construções. Encontramos uma taverna e comemos um javali assado. Estava muito bom, mas nada comparado com o que a minha avó faz. Passamos o dia comendo e bebendo, e pedimos para dormir nos quartos que estavam disponíveis.

Jorge, o bárbaro

A tribo de Durnmmantrku tem a tradição de enviar seus 'nobres' (futuros curandeiros, governantes, generais, etc.) em jornadas espirituais. A finalidade não é clara, mas quando regressam, os anões da tribo têm uma ligação mais forte com a natureza e seus integrantes naturais, portanto a divindade mais importante para eles é Alihanna, deusa da natureza. Os Durnmmantrku são voltados mais às artes naturais, geralmente tornam-se druidas, patrulheiros, guerreiros e bárbaros, e são raros os adeptos ao arcanismo e às religiões. JorgTakurgBrthraugr Drunmmantrkakullob, que veio a ser conhecido por Jorge, na língua comum, deixou a tribo para sua jornada depois do seu centenaversário e 20, e procura conhecimento sobre os animais e as plantas. Afeiçoado à caça e à briga, nunca aprendeu a ler e escrever. Aprendeu a tocar o alaúde com um companheiro anão que estava fazendo uma viagem, e desse anão ganhou o colar que leva no pescoço, um pentagrama de bronze com uma marca d'água de cabeça de rato. Conseguiu uma passagem em um navio para uma terra distante, e acabou náufrago em uma ilha desconhecida

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Cyberpunk 2.0.2.0

Sexta-feira, 17 horas, quartel-general da empresa de segurança Cyberdyne. O telefone toca, alguma secretária atende. Poucos segundos passam até que seja acionada a força-tarefa. Um grupo pequeno significa chegar mais cedo em casa, nada que dê muito trabalho. A missão é resgatar o velho Nostradamus, que está doente em seu apartamento, e levá-lo a um centro chiquérrimo de tecnomedicina. Deve ser bom ser milionário, andar com dois seguranças armados e uma médica particular pra uma simples visita ao consultório de um especialista.

McClane vai liderar; sujeito bem apessoado, com aqueles cabelos brilhantes e olhos de camaleão, sempre bem vestido, não fosse pelas várias camadas de roupa blindada. John Raptis parece que vai à guerra, armado até os dentes, fuzil, pistola, pele reforçada, nem parece gente. E a Dra. Bones, essa não se dá bem com armas, gosta mesmo é de reviver defuntos; pensando bem, nessa cidade não falta gente pra ela consertar.

É só pisar na rua pra se lembrar que toda noite é longa nesse inferno. O alarme começou com aquela gritaria dele, que só serve pra apavorar os civis. É a beleza da tecnologia, quando a sua segurança é feita por um computador gigante, você não precisa saber do que está sendo segurado, só sabe que deu merda. Confusão nas ruas (mais ainda do que de costume), barreiras nas saídas dos distritos, brigas. 16 quadras até a casa do velho, mais umas 20 até terminar a escolta. Com certeza o cara tem um motorista, ou ele provavelmente vai morrer no caminho.

McClane resolve ligar pra um amigo na polícia e pedir um helicóptero, que no meio dessa zorra toda é um tiro no escuro, mas não custa tentar. “Alô, Jorge, aqui é o McClane. Eu preciso de um helicóptero pra fazer a extração do velho Nostradamus que tá doente. É uma emergência cara, não tem nada que você possa fazer? Tá certo.” e desliga. “Vamos ter que andar mesmo”, completa.

A confusão piora com o aparecimento de uma gangue na quadra. “Vamos fazer alguma coisa a respeito disso?”, a Dra, sempre pensando nas vítimas, parece preocupada. Os soldados replicam, “A missão é mais importante, isso aqui é trabalho da polícia.”, e tomam um desvio para não lidar com aqueles meliantes.

Da segunda vez não têm como desviar, os bandidos estão batendo em civis, e a cara de um dos coitados parece que vai virar pudim. Como eles estão preocupados demais com suas distrações, McClane decide se aproximar furtivamente, só pra ser lembrado pela barulheira feita, que é um policial, não um ladrão. E começa o primeiro tiroteio de sexta à noite. Nada como um tiro no peito pra esquentar o sangue. A bala para no kevlar do colete, mas o impacto é suficiente pra tirar qualquer um do equilíbrio. McClane manteve-se em pé, mas não estava preparado, e os tiros continuam a vir. “Taquepariu”, pensa, “cadê o reforço?”.

Meia quadra atrás, protegido pelas sombras, Raptic olha pela mira do seu fuzil, e toma seu tempo, enquanto a Dra. Bones se esconde. Ela está preocupada com os civis, mas se morrer, não consegue salvar ninguém. A autopreservação sempre vence.

E é tiro pra lá e pra cá. McClane atira no braço de um sujeito, toma outro no peito, e cai no chão desequilibrado. Um outro maluco tem a perna destruída por um tiro de fuzil. Esses caras não são espertos, um deles acaba de atirar no companheiro. A Dra. corre pra verificar se McClane está vivo, e ajuda o amigo a se levantar. Ora, se o cara morrer, ela também morre.

Três bandidos caídos e ela acha que é a hora de verificar os feridos, e sai correndo em direção aos dois coitados, começa os primeiros socorros, e toma um tiro de raspão na perna. O desespero bate quando ela vê o peito do agressor ser aberto por outro tiro do Raptic. Ela não consegue se segurar, e entra em choque. É preciso um esforço de McClane pra ajudá-la a voltar a si. Eles não sabem, mas John Raptic passa por um choque diferente.
Uma coisa interessante sobre a psicose, é que você nunca sabe qual o gatilho dela. São muitos implantes, sabe? É o suprimento de ar, o injetor de adrenalina, a pele reforçada, e cada um deles vai subtraindo um pouco do que é ser gente. A cabeça dele já não funciona normalmente, e agora ele quase entrou em cyberpsicose. Olha de lado os gangsters caídos, gemendo, e por um instante, seus dedos correm pelo cabo da faca de cristal pendurada no cinto. Dessa vez ele consegue se controlar, e segue o caminho.

Mais adiante encontram a barreira policial, na divisa do distrito. As pessoas estão esperando que a polícia libere a passagem. McClane não pode esperar, o cliente vai estar morto quando conseguirem chegar. Apostando na sua autoridade (e na fama do Nostradamus, claro), ele pede passagem, e é facil convencer os soldados da gravidade da situação.

Agora só precisam chegar ao prédio do velho, mas é claro que não pode ser simples. Trabalhar na mídia só pode ser uma péssima ideia, o povo aglomerado na porta do prédio, querendo explicações de um velho gagá sobre o que está acontecendo na cidade é prova disso. Lá de dentro, o porteiro olha desolado. A porta não abre, protocolo de segurança, ativado automaticamente assim que o alarme foi acionado. Maravilhas da tecnologia. E é por isso que se tem sempre um cientista por perto.

A Dra. Bones dissecou o sistema de segurança como se fosse um cadaver. Não basta saber fazer, postura é tudo. Em menos de 30 segundos a porta estava aberta, e os três entraram e subiram até a porta do apartamento do velho Nostradamus.

Uma coisa interessante sobre a psicose, é que você nunca sabe qual o gatilho dela. Duas batidas na porta do velho, e ele grita lá de dentro pra irem embora. A Dra. reconhece a loucura, e fica apreensiva, sua mão percorre o mala de equipamento médico e encontra uma seringa. Mais duas batidas na porta, McClane diz alguma coisa pro velho se acalmar, e outro gatilho dispara, dessa vez na cabeça de Raptic, e a porta vai abaixo. Jogou a merda no ventilador. Começou o segundo tiroteio de sexta à noite.

Assim que Raptic derrubou a porta, levou tiro no peito, que parou no kevlar, atirou de volta e acertou o velho. McClane se jogou no companheiro e tentou imobilizá-lo. Sempre tente fazer o melhor de uma situação ruim, é o que dizem. E a Dra. Bones correu em direção a Nostradamus. Médicos e seus pacientes, não dá pra entender. O velho puxou o gatilho de novo, e acertou a médica na perna, fazendo com que ela caísse. Assim que cai, confusa pela dor, ela vê uma figura monstruosa correr e se atirar no velho, e ouve o estalido de ossos se quebrando. Uma pistola vai ao chão.

Enquanto o velho se estrebucha, dando socos e tentando se soltar de Raptic, que o segura, McClane entra correndo, e parece que tudo se passa em câmera lenta. Bones está no chão, perdendo sangue pelo ferimento de bala, tentando se injetar com uma seringa de morfina. O monstruoso Raptic tá em cima do velho Nostradamus, que tem um dos braços quebrados, e tenta atingir o soldado com socos. De relance ele vê outro corpo, desconhecido, caído num canto. O velho claramente está psicótico. Se é por causa dos implantes, ou se é por causa da idade, o futuro dirá. O que importa é que o cliente está seguro, e agora só precisa ser levado de alguma maneira para o hospital. Tudo está bem quando termina bem. Até a hora que não está mais.

Bones está imóvel. Tudo é muito pra cabeça dela. Era pra ser uma tarefa simples, mas a dor é muita, e a morfina agiu rápido demais. Sua visão fica turva, seus ouvidos pulsam, ela sua. McClane corre e pega uma seringa que ele imagina que seja de calmante na bolsa da médica. No desespero, tropeça e derruba o instrumento.

Já tomou um soco na cabeça? Um dado com vontade, daqueles de fazer zunir o ouvido? Raptic não sentiu dor nem nada, com aquela pele de rinoceronte dele, mas ficou irritado. Uma coisa interessante sobre a psicose, é que você nunca sabe qual o gatilho dela. Em um instante a missão está para ser cumprida, e no instante seguinte o velho Nostradamus está caído no chão, morto, com a faca Kendashi de Raptic entre as costelas.


Então McClane faz a única coisa que pode ser feita. Procura uma bebida, e senta em uma cadeira em meio aos corpos.