sexta-feira, 2 de junho de 2017

Jorge 14: Menos dois e mais dois

É uma bagunça isso aqui por causa do feitiço daquele viajante lá. Não gostei dele. Fez a cagada e não quer limpar, deixou pra mim. E agora o Raptic diz que vai embora, não quer saber mais dessa coisa de salvar o mundo, e que vai procurar as magias dele de outra maneira. A Lorivana não aguentou a pressão, acho que o viajante fez algum feitiço diferente na cabeça dela, pouco depois de chegar na cidade, ela se desfaracunchou no chão e nunca mais levantou.

Então sou eu, Jorge, o urso, filho de Alihanna, protetor da natureza, herdeiro de Durnmmantrku, que vou resolver essa zorra!

Peguei uma enxada, e fiz, em volta da cidade toda e depois pra dentro, um negócio daqueles que o Raptic me ensinou, ele falou que era o senta-a-grama de magia dos mágicos. Já que é o senta-a-grama, sentei bem no meio dele, fechei os olhos, respirei fundo a força natural de Alihanna, e abri os olhos da minha alma pra todos os seres naturais dessa cidade, e tentei tocar a todos, para sentir o vento com suas peles, ver com seus olhos, cheirar com seus narizes e ouvir com seus ouvidos. E fiz uma reza: "Deusa! Suas criaturas estão sofrendo! Seu servo pede humildemente para que faça que eles fiquem livres dessa maldição!".

A cidade ficou coberta por uma luz dourada por um tempinho, e quando a luz se apagou, os animais eram os animais de novo, e as pessoas eram pessoas de novo. E eu acho que Alihanna pode ficar feliz mais uma vez.

Agora somos só Irina e eu nessa viagem, e eu acho que vou passar pra ela as coisas escritas que o Raptic olhava sempre, pra ela poder olhar pra onde a gente vai. Enquanto ela ta tentando decifrar o que tá escrito com os escritos do Raptic, chega uma outra elfa perguntando por mim. Ela disse que conversou com um gato perto da cidade e que ele contou pra ela tudo que aconteceu, como que ele foi virar uma pessoa, e como que ele não tava mais virado em uma pessoa, e falou que ela tinha que falar comigo, e aí ela veio. E ela é uma xamã! Na minha tribo tá cheio de xamã, mas eu não sabia que elfos também tinham xamãs... Ela quer viajar comigo e com a Irina, o que é meio estranho... Quer dizer, não é estranho uma xamã querer viajar pelo mundo, ainda mais junto com a Irina, que também tem o poder de Alihanna... O estranho é que eu to atraindo elfo pra minha vida. Lá na minha tribo eu não vou poder contar que eu ficava andando só no meio de um monte de elfo, ou então me deserdam.

Viajamos para o sul. Alva é uma xamã ótima, e ela tem o poder de se transformar nos animais selvagens, e ela se transforma em cavalo, e ela se transforma em urso! Ela disse que esse é o poder da lua, e eu nem sabia que a lua podia transformar nos bichos! Aposto que foi a deusa que mandou ela vir viajar com a gente, só pode ser! ALIHANNA, OBRIGADO PELA ALVA! Mas não dava pra ter mandado uma anã?

Chegamos numa vilazinha bem pequena, e uma pessoa com um chapéu enooooooorme me pergunta se eu quero saber o meu futuro... Ora, como se o meu futuro não fosse voltar pra minha tribo e me tornar o chefe... Eu já sei o meu futuro, então eu disse pra ele que não precisava de se importar com isso não. Mas era conversado esse chapeuzudo, e ele foi e falou com a Irina, e com a Alva, e eu já não tava prestando atenção, mas aí a Alva ficou nervosa com alguma coisa e se transformou em cavalo de guerra, e o cara saiu em desabalada carreira, e eu mais que rápido subi na Alva, e ela começou a galopar e quando chegou perto eu pulei e segurei ele com minhas mãos, e aí apareceu um guarda, e levou o cara. Eu acho que ele era um ladrão.

Fomos comer na taverna, comi codorninhas e bebi cerveja, e depois comi mais codorninhas e bebi mais cerveja, não sei direito o que aconteceu nessa noite mas eu acho que uma pessoa do sul veio pedir a minha ajuda heroica e eu falei que já tava indo. E eis que de repente no outro dia tem mais um elfo que vai viajar com a gente... Não sei qual a desse cara, mas ele tem uma coruja maravilhosa, e a Alva disse que a gente tinha de todo jeito que ter essa coruja, e por isso o elfo tinha que vir com a gente também.

Bom, vamos para o sul!

Viajamos o dia inteiro, e fizemos um acampamento para dormir. E no meu sonho eu vejo ela: minha musa, minha deusa, minha guia, Alihanna!

GENTE, ALIHANNA TÁ FALANDO COMIGO! Pensei em fazer uma dança da alegria, mas me segurei... Será que ela consegue ler meus pensamentos? Ela ta falando um monte de coisas legais comigo, e me dando presentes... Não, pera, a luva, e a bota, e a galhada não são pra mim, é pra dar pros outros... E agora pra mim!!!! DEUSA QUE CE TA FAZENDO DOIDA???? Ela enfiou a mão no peito e tirou o coração dela, e fez um colar, e me deu! To beje...

Acordei de-ses-pe-ra-do! E com meu colar pendurado no pescoço já... Gritei todo mundo, coloquei a luva na mão da Irina enquanto ela resmungava  alguma coisa, joguei as botas pro elfo lá, e dei a galhada pra Alva colocar na cabeça. E aí o dia apagou. Ficou tudo escuro de eclipse. E um monstro dá um grito. Eu sinto que conheço esse grito, mas não tenho certeza. E aparecem fantasmas e esqueletos. Monstros da noite, no meio do dia escurecido pela sombra... Humpf...

Depois que quebramos todos os esqueletos, e desfumaçamos todos os fantasmas, o sol voltou, e aí tem jeito de continuar as andanças... Vamos ver até onde vai esse tal sul...

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