Depois de derrotar aquela mocreia que nos enganou, acabamos
por descansar um pouco. Ela tinha cara de ser gente boa, mas acho q não ficou
muito contente depois q matamos seus guardas.
Pois bem, estávamos dentro de uma pirâmide e não tínhamos muito
pra onde ir, só havia muitos tesouros, ouro, prata, tudo de bom e uma alavanca
ali no canto. Enquanto Raptic estava experimentando as joias, eu fui juntando o
que eu ia levar. Sabe como é, só o essencial. Algo no valor de 300 peças de
ouro ia servir, talvez eu até guarde umas joias para me enfeitar quando essa
confusão toda acabar. O problema mesmo foi tentar convencer o anão a me deixar
colocar o tesouro lá dentro. Ele não estava a fim de colaborar e eu não tenho
paciência com gente assim, a minha sorte (talvez) foi o Raptic entrar na
conversa para convencer Jorge a colocar todos os metais em nossa bolsa mágica,
o único ônus foi ter de dividir com ele metade dos tesouros, mas tudo bem,
provavelmente pilharei e saquearei mais gente no caminho para aumentar minhas
riquezas. Eu fico indignada com algumas coisas. O Jorge pode colocar o gato
dele lá dentro e 30 litros de água, mas eu tenho de pedir permissão pra colocar
só 50 Kg de ouro e prata? Vai entender...
Eu investiguei os arredores em busca de armadilhas, mas não
encontrei nenhuma. Mal dei o sinal de segurança e Jorge já estava puxando a
alavanca. Ele é sempre tão impulsivo!
Após o ato do nosso companheiro, uma escadaria revelou-se e
seguimos por ela com nossos camelos atrás. Caminhamos por horas e horas e eu já
estava ficando cansada, mas pelo menos não estava ficando louca como os rapazes
que pareciam até enxergar vultos. Raptic parou um pouco para meditar ou sei lá
o que esses magos fazem, eu o acompanhei para descansar os pés, mas Jorge
estava destinado a seguir em frente. Parecia que aquele túnel não tinha fim,
não tínhamos noção de tempo nem de claro ou escuro, mais algumas horas lá
dentro e eu ficaria louca, certamente.
Entramos num dilema se seguiríamos ou voltaríamos. Eu queria voltar,
pois estava desconfiada que aquele túnel poderia ser outra armadilha para nos
deixar presos para sempre, mas Jorge usou sua conexão com os animais que se
manifestou através da sua gata. Ela deu sinais de que seria melhor continuar em
frente e quem sou eu pra desconfiar dos instintos de um bichano? Eles são quase
como nós, ladinos.
Andamos mais um pouco e outra alavanca. Jorge a puxou e finalmente!
Ar fresco e a claridade natural. Ainda bem que era por do sol, porque não
machucaria muito meus olhos depois de passar horas ininterruptas dentro de uma
caverna escura. Além disso, lá estava o que procurávamos: a Torre de Erian.
Depois de uma longa jornada pelo deserto, poderemos ter um descanso digno com comida
boa e água. Tudo parecia ir muito bem até que PÁ! Demos de cara com uma
barreira mágica invisível. E quem estava lá para nos receber? Aquele velho
decrépito da caverna dos anões e suas charadas. Quantas maçãs cabem numa cesta
vazia? Eu lá raios sei? Isso depende do tamanho da maça e eu, que costumo ser
bem inteligente, já estava de saco cheio daquilo tudo. Por um desentendimento
eu ouvi o velho falar “quantas maças
vazias cabem dentro de uma cesta” e acabei respondendo que nenhuma, pois maça
vazia não existe, portanto cabem nenhuma. A minha sorte é que ele era justo e
percebeu que eu havia entendido errado, porém antes de tentar responder pra valer,
Jorge já jogou na cara dele um “OITO” e pronto, né? A areia começou a puxar nossos
corpos para baixo e duas monstronas apareceram do nada. Valeu, Jorge. Pelo
menos ele disse a resposta antes do combate. Uma maçã. Por quê? No momento em
que você coloca uma lá dentro, a cesta deixa de ficar vazia. Pelo amor de
Robin, que resposta mais sem noção! Mas aquele não era o tempo de combater
charadas ambíguas com lógica.
Eu não estava indo bem nessa batalha, o que me frustra
muito, especialmente pela a ideia de talvez morrer, o que não podia acontecer,
e ainda por cima estava afundando na areia. Jorge conseguiu agarrar a pata
daquela periquita gigante eu pensei em fazer o mesmo, mas a vadia me chutou forte.
Sentindo me cada vez mais fundo na areia, eu não conseguia livrar-me e o
desespero aumentava, até que Jorge gritou “Segura minha mão!” e num puxão me
jogou pra cima daquele bicho. Puxa, obrigada, Jorge... Eu devo esta a ele de
coração.
Ao olhar para o lado, Raptic consegue matar uma delas, agora
era a minha vez. Sem perder tempo, eu cortei a cabeça daquela monstrenga com a
minha rapieira e, junto com elas, a areia movediça começou a desaparecer. Aquele
velho nojento também. Algo me diz que voltaríamos a nos ver, para nosso azar.
Eu saí da batalha um caco, mérito meu que eu comprei uma poção de cura e bebi
antes de aparecer outro inimigo a frente.
Ao chegar na porta do castelo, fomos alertados que de que enfrentaríamos
muitos medos, mas que uma recompensa gratificante nos aguardaria. A mesma
balela de sempre. Abrimos a porta e nos deparamos com um breu assustador. Um
escuro aterrorizante na verdade... Eu não sei porque, mas me veio a cabeça a
visão de um mago abrindo um vórtex para me sugar para dentro e eu senti muito
medo. Não conseguia ver nem ouvir meus companheiros, até que uma luz amarela
formou-se a minha frente. Um relance de esperança passou por minha alma e logo
morreu ao ver a luz transformando-se num gobling horrível. Encurralada, foi o
que me senti. Eu sou muito melhor em combates em grupo, onde posso atacar
furtivamente ou me afastar, mas sozinha? E agora? Tenho de enfrentar essa
besta.
A batalha está sendo árdua e eu perdi muito sangue e mais um
golpe perco a vida. Todo meu esforço para chegar até aqui será em vão? Minha
família nunca mais poderá me ver por causa dessa criatura nefasta? Não
permitirei. Levantei minha rapieira, presente do rei dos anões, e, com um golpe
certeiro, empalei o coração daquele monstro. Vitória. Alívio. Ele caiu e se
desfez, logo após o castelo se encheu de luz e pude ver meus companheiros
igualmente feridos.
~Guta.
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